Já percebeu quantas vezes não falamos o que gostaríamos? Usamos indiretas para dizer algo? Conhece alguém que faz isso com as pessoas? Com você? Ou é você mesmo quem faz isso? Saiba que esse é um mal que aflige milhares de pessoas pelo mundo todo.
Assim como você, não aprendi a ser objetiva com as minhas emoções. Se trata de um exercício diário para perceber isso para não cair em suas armadilhas. O que é bem difícil, pois usar a razão quando se trata de algo que amamos é desafiador. É delicado ter bom senso quando se trata daquilo que gostamos, que temos como nosso, que não está claro até mesmo para nós. Afinal, se você não prestar atenção ao que sente, facilmente você se deixará levar por elas. E isso gera grandes consequências. Algumas delas são: perder a sua liberdade, ficar sem a noção de espaço, outra é de você não conseguir ser mais empático.
Perdendo a liberdade
Quando você não consegue dizer exatamente o que está lhe incomodando, isso não anula a necessidade de se fazer entender no que não está bem para você. Com isso, passamos a mostrar para as pessoas corporalmente, pelo olhar, pela postura, pelas palavras que algo não está como gostaríamos. Quando fazemos isso, usamos os verbos no tempo passado, sugestionando coisas, querendo… Ex.: “Eu queria tanto ir em X lugar…” Além de tendermos a nos infantilizar no comportamento: tom de voz, beiço, assumindo postura de criança mimada… Isso tudo nos aprisiona, pois perdemos muito tempo para nos comunicar. Buscar diversas outras formas de nos fazer entender que não queremos aquilo, não estamos gostando, estamos carentes…
Sem noção
Outra consequência é perdermos a noção de espaço. Ficar uma pessoa sem limites, popularmente conhecida: pessoa sem noção. Invadir o espaço do outro e quando esse outro dá limite, a tendência é você presenciar um barraco. Obviamente que ela não vai gostar. Conhece alguém assim? Já presenciou situações em que a falta de limites de um estava comprometendo a tranquilidade de muitas pessoas? Se não educamos, ou formos educados, a vida educa e nem sempre de forma agradável… Por isso que essas situações de encontros dos “Sem limites” com quem tem sua comunicação feita na maioria de vezes de forma indireta se reúnem. Existe um aprendizado mútuo ali.
Desrespeito
E é nessa hora que se percebe que as pessoas deixaram de aprimorar a empatia. A capacidade de se colocar no lugar do outro. Infelizmente, existe um movimento muito grande acontecendo para que cada um somente olhe para si, para seus interesses, para as suas vontades e se ignore o impacto que isso causa em quem está próximo. Isso é desrespeito. É falta de consideração. É egoísmo.
“Não deve ter filhos”
Voltávamos eu, o Bruno Gimenes e a Patrícia Cândido do evento incrível Acredita e Medita, organizado pela Paula Abreu no Rio de Janeiro. Com o coração cheio de amor, pois havíamos palestrado, autografado nossos livros, havíamos dado o nosso melhor e recebido uma enxurrada de amor e carinho. Estávamos em paz. No avião, atrás de nós havia uma criança, acredito que devia ter uns 6 anos. Extremamente ativa, envolvida em jogos no seu tablet, que pelo som imagino ser de algum jogo de guerra, pois o barulho de tiros era acentuado. Ela batia seguidamente na poltrona da frente, vibrando a cada ponto conquistado (era o que eu imaginava). Não o bastante, ela saía correndo pelo corredor, batendo em todas as poltronas, gritando e falando alguns palavrões. Em um dado momento, passados mais de uma hora do voo, meu esposo olha para trás e pede: por favor, pode pedir para ele parar de bater na minha poltrona? Imediatamente a mãe, assumindo uma postura de leoa (natural para defender sua prole) começa a xingar, falar alto igualmente, dizendo que aonde isso já se viu, chamar a atenção do seu filho por bater na poltrona dele, que com certeza ele não tinha filhos para falar algo desse jeito.
E antes que você queira me julgar eu lhe digo: sim, não temos filhos, mas isso não significa que não amemos elas, que não saibamos o quanto é difícil educar uma. Ainda mais nos dias atuais. É muito comum notarmos o desespero dos pais que não sabem lidar com seus filhos extravasando, colocando para fora sua frustração momentânea de não saber como lidar com aquela situação. Totalmente compreensível, afinal, eles não vieram com um manual de instruções.
O que está em pauta aqui é a questão da falta de limites, a falta de empatia, de se colocar no lugar do outro para estar atenta ao impacto gerado com o comportamento dela. O que estava sendo praticado pelo meu esposo que até então estava compreendendo a situação… E olha, que ele assumidamente reconhece que vem trabalhar nessa vida a irritação, a impaciência.
A mãe começa então a bater nas minhas costas (pasmem!) dizendo que queria ver fazer algo!
Gente, confesso, meu eu inferior veio com tudo. Antes que percebesse, já havia tirado meu cinto de segurança e pulado na poltrona, me virei para trás e olhei, apenas olhei profundamente para os olhos daquela mulher. Nada mais. Sim, eu estava com raiva. Estava impressionada com a capacidade de não entender e ainda piorar a situação.
Sabe o que é você olhar na alma de alguém? Foi o que fiz. Não disse uma única palavra. Apenas sustentei o olhar. Quando ela desviou, voltei a me sentar. Coincidência ou não, sossegou ela e a criança…
Um grande aprendizado
Me pergunto depois disso tudo: Será que era preciso? Para quê tivemos que passar por essa situação? Resignação? Aceitação? Ou empoderamento? Se posicionar e dar limites. Me questiono profundamente para onde vai nosso lindo planeta se não começarmos a prestar atenção no impacto que geramos através das nossas palavras, das nossas atitudes, do nosso comportamento.
Confesso que ao escutar a pessoa falando mal do meu esposo (coisas absurdas que prefiro nem escrever para você) fiquei realmente espantada. Enquanto prevalecermos o eu sobre o nós, não conseguiremos evoluir enquanto humanidade.
Empoderamento
Sou conhecida aqui como alguém que tem muita paciência, tolerância… Não posso falar pelas pessoas que me acompanhavam e suas percepções, seus aprendizados, apenas por mim, mas nesse dia percebi que eu precisava me comunicar de forma eficiente e direta (que é um aprendizado meu…). Que precisava me empoderar. E se empoderar não é brigar, é saber se posicionar, se fazer respeitar. E precisava ser certeira. Teria uma única chance e dela poderia vir o pior ou a situação se resolver.
Já sentiu isso? A necessidade de se fazer ser percebida? De se fazer ser notada como um ser humano que também tem opinião, que também tem sentimentos? Já se sentiu a pior pessoa do mundo, porque parecia que você era invisível? Ninguém perguntava a sua opinião para nada? Ou o contrário, você que sempre permitiu que todos tomassem a dianteira, pois para você tanto fazia? O importante era estar com a turma, a família? Infelizmente, essas posturas e situações fazem com que deleguemos para o outro o nosso poder pessoal.
Eu era uma dessas pessoas e até hoje preciso me policiar para não voltar a acontecer isso em minha vida. E isso, em todas as áreas… Por isso, o que aconteceu foi um presente para mim. Eu consegui. Sim, eu me posicionei, me assumi e consegui comunicar realmente o que estava acontecendo. E eu te digo: me senti muito orgulhosa de mim mesma (risadas). Afinal, a compreensão tem limite. E esse limite vai até onde começa ou termina o seu/meu.
Mais educação, por favor.
Por isso levanto essa campanha: Vamos estar mais conscientes das nossas atitudes? Olhar mais em volta? Sermos mais gentis? Respeitar mais o nosso próximo? E quando isso não acontecer com você, saber se posicionar, se fazer ser respeitado sem violência? Sem agressividade? Sem insultos? Sem indiretas? Sem o orgulho se sentir afetado quando se está errado?
Aceitação não é passividade. Valorize-se! Ame-se e ame seu próximo. Olhe com carinho, mas saiba ser firme quando necessário. Dar limites é uma prova de amor. Algumas vezes um não educa mais do que um sim. Afinal, na vida, quantos nãos recebemos até chegarmos a um sim?
Conclusão
Esse artigo tem o objetivo de alertar alguns pontos:
1-Sermos mais objetivos com o que sentimentos e desenvolver a capacidade de falar abertamente sobre isso com as pessoas ao nosso redor;
2-Prestarmos atenção quanto as nossas atitudes ou a falta delas afetam quem está ao nosso redor;
3-Assumir as rédeas da sua vida, dando limites e ensinando através do seu exemplo.
4-Refletirmos todos sobre nossa conduta.
Agora eu que te pergunto:
– O que você pensa sobre isso?
– Você já passou por alguma situação como essa?
– É tranquilo para você se posicionar?
Vou amar saber…
Ah! Compartilha esse artigo para aquela pessoa que você saber que precisa?
Um forte abraço,
Aline Schulz.